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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Para ONDE estão INDO os MORADORES das FAVELAS REMOVIDAS em SÃO PAULO?

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A plataforma online Habisp (Sistema de informações para Habitação Social na cidade de São Paulo) disponibiliza os dados que a Prefeitura tem sobre as “demandas habitacionais no município”, considerando as favelas que serão total ou parcialmente removidas em função de obras e intervenções urbanas. Dessa maneira, é possível visualizar em mapas, disponíveis na plataforma, tanto as favelas a serem removidas como os reassentamentos previstos.
Apesar do avanço que isso representa em relação ao aumento de transparência por parte da Prefeitura de São Paulo no que diz respeito à política habitacional, a plataforma ainda não é ideal e encontrar as informações é um grande desafio. Visando apresentar os dados de forma mais clara, o Observatório de Remoções procurou organizar, em uma mesma base de dados, diferentes informações para, a partir daí, cruzá-las e analisá-las.
Foram utilizadas duas estratégias diferentes de tratamento dos dados: uma utilizando as densidades Kernel; outra construindo mapas de fluxos. A densidade Kernel permite representar os valores dos objetos inseridos nos mapas, e não sua quantidade; desta forma o que importa não é apenas o número de empreendimentos novos e de favelas, mas a quantidade de unidades habitacionais envolvidas. Os dois mapas abaixo apresentam, respectivamente, o número total de famílias das favelas onde estão previstas ou em andamento intervenções¹ de diferentes programas e ações na cidade e o número das unidades habitacionais que estão sendo ou serão construídas nos empreendimentos que receberão famílias reassentadas².
Já os mapas de fluxo (abaixo) retratam, em uma mesma base, tanto as favelas com intervenções quanto os reassentamentos para onde parte dos moradores será realocada. É possível observar de onde saem e para onde vão as famílias que serão removidas. Assim, é possível ter uma visão da movimentação populacional forçada na cidade.

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À primeira vista, torna-se clara uma concentração de destinos nas regiões periféricas da cidade. Com pouquíssimas exceções, os reassentamentos concentram-se fora dos limites do centro expandido. Além disso, já se percebe que as únicas regiões com intervenções e realocações na área referente à mesma subprefeitura são Jabaquara e Ipiranga. Em todas as outras áreas, os locais onde serão construídas casas para reassentamento receberão famílias que moravam em outras regiões (em áreas de outra subprefeitura), às vezes afastadas vários quilômetros de seu local inicial de moradia.
Observa-se também uma grande concentração de destinos em algumas regiões da cidade. As áreas próximas às zonas de proteção de mananciais nas bacias das represas Billings e Guarapiranga concentram diversos atendimentos muito distantes das áreas de moradia iniciais das famílias atendidas. No caso do atendimento de 275 famílias da comunidade Parque Novo Santo Amaro IV, no reassentamento Emccamp – Espanha, um dos maiores empreendimentos da cidade, com 3860 unidades habitacionais previstas, as famílias terão percorrido 13,4 km de deslocamento forçado em relação às suas moradias iniciais.
Na zona leste também serão construídos vários conjuntos habitacionais, e, curiosamente, algumas favelas próximas a alguns desses conjuntos serão realocadas para áreas bem mais distantes.
Já as subprefeituras do Butantã e de Perus receberão também grande quantidade de unidades novas, o Parque Raposo – Reserva Raposo e o UNO – Nova Perus, que contam, respectivamente, com 13002 e 5454 unidades habitacionais previstas. Esses são os dois maiores empreendimentos de reassentamento de São Paulo que estão localizados nas áreas limítrofes da cidade e concentram grande número de atendimentos da região e do entorno. O deslocamento das futuras famílias atendidas será de até 10,5km no Butantã e 24,1km em Perus. A enorme dimensão desses empreendimentos, que se destacam no conjunto da cidade, levanta questões em relação à disponibilidade de infraestrutura urbana, serviços, cultura e lazer para acolher os futuros novos moradores, em áreas que já apresentam precariedade nesses quesitos.
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¹ Em relação às favelas com intervenções, somente foram consideradas aquelas que o Habisp especifica onde se dará o atendimento habitacional por meio de reassentamento, o que não corresponde ao total de famílias atingidas por essas intervenções.
² Em relação aos empreendimentos de reassentamento, somente foram considerados aqueles onde constam a origem dos reassentados.


Fonte: http://observatorioderemocoes.com/2015/10/22/para-onde-estao-indo-os-moradores-das-favelas-removidas-em-sao-paulo/

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